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segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

A Música na Escatologia de Ellen White

Do site musicaeadoracao.com.br

Por: Pr. Jorge Mário de Oliveira

Introdução
A música não figura entre os eventos escatológicos. No entanto, EGW chama a atenção e nos alerta quanto ao papel que a música desempenhará nos acontecimentos finais da história dessa terra.
Na igreja, a música está intimamente ligada ao culto. É o veículo pelo qual se expressa o sentimento na adoração. Canta-se para louvar a Deus como Criador e Redentor. Para fortalecer a fé, para comunicar esperança ao cansado e oprimido. Em certo sentido, na cultura ocidental, é o elemento que dá beleza e significado ao culto. “É através da música que os nossos louvores se erguem Àquele que é a personificação da pureza e harmonia.” [1]
Adoração
A essência das três mensagens angélicas de Apocalipse 14 é a adoração a Deus versus adoração à besta e à sua imagem. A primeira justifica a razão pela qual Deus deve ser adorado. Ele é o criador. A segunda mostra que a confederação maligna cognominada de Babilônia, faliu. Em outras palavras, porque adorá-la? Mas se alguém insiste em fazê-lo, a última mensagem declara que será responsável direto pela decisão tomada. “Também esse beberá do vinho da cólera de Deus, preparado, sem mistura, do cálice da sua ira, e será atormentado com fogo e enxofre, diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro. A fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos, e não têm descanso algum, nem de dia nem de noite, os adoradores da besta e da sua imagem e quem quer que receba a marca do seu nome” (Apocalipse 14:10-11). Portanto, não adore a besta nem sua imagem. É insensatez.
Lúcifer desejou ser igual a Deus. Cobiçou as honras e as glórias devidas somente ao Criador (Isaías 14:13-14). Sua concupiscência o leva a ser expulso do céu acompanhado da terça parte dos anjos que aderiram suas idéias (Apocalipse 12:3-4 e 7-9). Estabelece nessa terra seu quartel general estabelecendo aqui um sistema de culto e adoração a si mesmo. “…Ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta.” (Apocalipse 12:12). No monte da tentação revelou sua sede por adoração, oferecendo a Jesus os reinos desse mundo em troca da adoração (Mateus 4:9).
Pelos séculos, o grande conflito cósmico criado por Lúcifer contra Deus tem como centro: Quem será adorado? Quem será reconhecido? Este poder antagônico não suporta pessoas que se atrevem a adorar a Deus.
Faz o que pode para destruir a beleza e a santidade do verdadeiro culto. Infiltra-se. Influencia pessoas receptivas. Atrapalha. Desvirtua como pode transformando em maldição aquilo que seria uma bênção. Sobretudo na música, pela relevância que ocupa na forma como se adora no mundo ocidental. “Satanás opera entre a algazarra e a confusão de tal música, a qual, devidamente dirigida, seria um louvor e glória para Deus. Ele torna seu efeito qual venenoso aguilhão da serpente.” [2]

O Adventismo do Sétimo Dia
Do movimento religioso do século XIX na América do Norte, conhecido como milerismo, surgiu a Igreja Adventista do Sétimo Dia. [3] Esta igreja, em sua história, tem-se caracterizado como um movimento de restauração de verdades da Palavra de Deus e como tal, tem sido uma pedra no sapato do diabo. Em contrapartida, ele tem declarado uma guerra aberta e sem tréguas a este remanescente da mulher que (1) guarda os mandamentos de Deus e (2) tem o testemunho de Jesus (Apocalipse 12:17; 14:12; 19:10).
A Igreja Adventista do Sétimo Dia tem duas armas poderosíssimas no grande conflito contra o mal. (1) O espírito de submissão a Deus na obediência aos Seus mandamentos e (2) a orientação profética através da qual Deus a conduz evitando distorções e alertando quanto às armadilhas e minas ao longo do caminho.
Este bom espírito a tem preservado ao longo de sua história, de muitas heresias e tendências destruidoras. Não sem lutas ou perdas, mas a confiança na palavra profética das Escrituras Sagradas e de Ellen G. White tem sido um guardião. [4]

Doutrina da Carne Santa
Em 1898 surgiu na Associação de Indiana, nos Estados Unidos, um movimento herético conhecido como doutrina da carne santa. Foi desenvolvido e divulgado pela liderança da Igreja: S. S. Davis e R. S. Donnell, respectivamente evangelista e presidente do campo. [5]
A doutrina principal do movimento era a crença de que Jesus ao passar pela experiência do Getsêmani, havia obtido carne santa como a que Adão possuía antes da queda. [6] Declaravam então, que cada pessoa que segue o Salvador precisa obter a mesma natureza física como preparo para a transladação. [7] Uma vez obtida carne santa, a pessoa não mais pecaria, não passaria pela morte sendo transladada viva para os céus à semelhança de Enoc e Elias. [8]
Esta heresia afetou diretamente o estilo de adoração desenvolvida por este grupo, pois ali, buscavam a experiência desejada. Faziam longas orações, tinham música instrumental muito alta com abundante uso de instrumentos de percussão, excitação e sermões histéricos. [9] A experiência de obter a carne santa precisava ser demonstrada fisicamente [10] e o estilo de adoração ajudava-os na obtenção do êxtase desejado. As massas então eram manipuladas em suas emoções levando as pessoas a um estado de delírio. Em transe, muitas caiam no chão, ao que eram levadas à plataforma. Ali, eram rodeadas por um grupo de pessoas gritando glória a Deus enquanto outros oravam e cantavam histericamente. Quando recobravam a consciência dizia-se-lhes terem passado pela experiência do jardim tendo agora uma carne santa. [11]

Testemunhas oculares na Campal de Muncie
Os adeptos do movimento da doutrina da carne santa organizaram uma grande Campal de 13 a 23 de Setembro de 1900 em Muncie, Indiana.
A Associação da Igreja Adventista do Sétimo Dia enviou dois pastores como visitas a essas reuniões. Foram os pastores S. N. Haskell e A. J. Breed que Arthur White declara não terem sido bem recebidos. “As pessoas foram alertadas de que esses dois irmãos não haviam passado por essa experiência e que por isso, não se deviam deixar influenciar por eles.” [12] Haskell relatou o que vira e sentira naquelas reuniões em duas cartas escritas à Ellen White. Ambas datadas de 25 de Setembro de 1900, dois dias após o término da Campal.
Na primeira se atém a descrever o que ali vira em termos de demonstração física e estilo de adoração. Esta carta foi enviada a Sra. White, em mãos de seu filho Edson, quando viajou para a costa ocidental do país para recebê-la vindo da Austrália. [13] Na segunda carta, Haskell analisa questões teológicas do movimento, sobretudo a forma como consideravam a natureza de Jesus. Esta é enviada a Ellen White pelo correio, endereçada à sua residência em Elmshaven, em Santa Helena, Califórnia, onde fixou residência até sua morte em 1915.
Na primeira carta, que Ellen White recebe das mãos do filho, tão logo chegue aos Estados Unidos, Haskell declara nunca ter visto nada semelhante. Fala de um forte poder que dominava as pessoas naquelas reuniões. Descreve a intensidade dos êxtases com as pessoas gritando a ponto de perderem os sentidos. As músicas eram excessivamente altas e ruidosas. As pessoas não conseguirem ouvir umas às outras. Tinham instrumentos musicais variados destacando os de percussão como um tambor surdo, pandeiros e outros tipos de tambores. Percebia que as pessoas eram manipuladas pela música ao frenesi. [14]
Em 10 de outubro de 1900, Ellen White responde a primeira carta de Haskell. [15] A maior parte de seu conteúdo está no livro Mensagens Escolhidas volume dois, às páginas 36 a 39. [16] A mensagem que aparece nessa carta é incisiva e direta. Parece ter sido esse o estilo de Ellen White quando trata de enfrentar heresias que ameaçam o povo de Deus. As descrições de Haskell não a tomam de surpresa. “Em Janeiro último”, declara por três vezes, quando ainda estava na Austrália, “foi-me apresentado”“o Senhor mostrou-me”“me foram apresentadas…” [17]
Analisando a forma como escreve a Haskell, percebe-se claramente uma linguagem escatológica. No contexto dessa carta, vê-se um profeta exercendo seu papel de revelador do futuro. Não que tenha a pretensão de fazê-lo, mas na autoridade da revelação recebida. Daí a relevância do conteúdo revelado.
Análise das Expressões Escatológicas da Carta
“As coisas que descrevestes como ocorrendo em Indiana, o Senhor revelou-me que haviam de ocorrer imediatamente antes da terminação da graça.” (p. 36) Aqui está a escatologia. “Antes da terminação da graça”, declara, vai acontecer algo semelhante ao que aconteceu em Indiana, àquilo que Haskell vira e que lhe descrevera.
Mas o que especificamente ocorrerá? Ela responde: “Demonstrar-se-á tudo quanto é estranho. Haverá gritos com tambores, música e dança. Os sentidos dos seres racionais ficarão tão confundidos que não se pode confiar neles quanto a decisões retas. E isto será chamado operação do Espírito Santo.” (p. 36)

Reavivamento esperado no tempo do fim.
1) – Haverá muitas coisas estranhas…
2) – Haverá gritos com tambores, música e dança…
3) – Os sentidos dos seres racionais ficarão confundidos…
4) – Não será possível confiar nas pessoas quanto a decisões retas…
5) – Chamarão isso e operação do Espírito Santo…
A mim me parece que a confusão dos sentidos é resultado do êxtase criado pelos tambores, pela música e pela dança. Pessoas envolvidas nesse processo perdem o discernimento quanto a decisões retas. Kurt Pahlen declara que “A música age sobre o indivíduo e a massa; encontra-se não somente na história das revoluções senão também nas psicoses de guerra. A música é, nas mãos dos homens, um feitiço; o seu efeito se estende desde o despertar dos mais nobres sentimentos até o desencadeamento dos mais baixos instintos, desde a concentração devotada até a perda da consciência que parece embriaguez, desde a veneração religiosa até a mais brutal sensualidade.” [18]

Orientações Proféticas
O papel do profeta não é meramente mostrar o futuro revelado, mas orientar para que quando o futuro se torne presente, os filhos de Deus, sensíveis à voz da profecia, possam saber como agir e que decisões tomar. É exatamente isso que Ellen White faz na carta a Haskell. O êxtase criado pelo estilo de música seria chamado de operação do Espírito Santo. Ellen White é incisiva: “O Espírito Santo nunca Se revela por tais métodos, em tal balbúrdia de ruído. Isso é uma invenção de Satanás…” (p. 36) “O Espírito Santo nada tem que ver com tal confusão de ruído e multidão de sons como me foram apresentadas em janeiro último. Satanás opera entre a algazarra e a confusão de tal música, a qual, devidamente dirigida, seria um louvor e glória para Deus. Ele torna seu efeito qual venenoso aguilhão da serpente.” (p. 37) O que as pessoas confusas e sem discernimento chamam de obra do Espírito Santo é em realidade operação satânica com fins e propósitos bem definidos: “… para (1) encobrir seus engenhosos métodos para (2) anular o efeito da pura, sincera, elevadora, enobrecedora e santificante verdade para este tempo.” (p. 36) Por inferência pode-se ainda deduzir de que tem o objetivo de (3) desonrar a Deus, uma vez que se a música fosse “devidamente dirigida, seria um louvor e glória para Deus.” (p. 37) Para (4) anular o efeito que a música bem dirigida faria sobre as pessoas. Declara que “É melhor nunca ter o culto do Senhor misturado com música do que usar instrumentos músicos para fazer a obra que, foi-me apresentado em janeiro último, seria introduzida em nossas reuniões campais.” (p. 36)
Ellen White foi uma defensora do uso da música no culto do Senhor. Inclusive com instrumentos musicais.[19] Mas quando se trata do mau uso da música é melhor adorar a Deus sem música do que usar este tipo de música usada na Campal de Indiana pelos adeptos da doutrina da carne santa e que ocorreria outra vez antes da terminação da graça. Para executar esta declaração necessita-se discernimento espiritual. Uma mente confusa, desconectada com as coisas do céu não consegue saber quando e o que usar.
Algumas pessoas preferem ter qualquer tipo de música no culto do que não ter música nenhuma. Segundo Ellen White, porque é melhor não ter certos tipos de música no culto? Porque “a verdade para este tempo não necessita nada dessa espécie em sua obra de converter almas. Uma balbúrdia de barulho choca os sentidos e perverte aquilo que, se devidamente dirigido, seria uma bênção. As forças dos agentes satânicos misturam-se com o alarido e barulho, para ter um carnaval, e isto é chamado de operação do Espírito Santo.” (p. 36)

Sistematizando as razões
1) – “A verdade para este tempo não necessita nada dessa espécie em sua obra de converter almas.” Não é assim que muitos pensam. Justificam o uso de qualquer tipo de música, importando que tenha letra religiosa com fins missionários. A clareza do texto me leva a crer que nossa obra não necessita dessa metodologia de marketing adotado pelas igrejas que não tem a luz que como adventistas do sétimo dia temos. No livro Evangelismo encontra-se a idéia de que “quanto mais perto o povo de Deus se puder aproximar do canto correto, harmonioso, tanto mais é Ele glorificado, a igreja beneficiada e os incrédulos favoravelmente impressionados.” [20]
2) – “Uma balbúrdia de barulho choca os sentidos e perverte aquilo que, se devidamente dirigido, seria uma bênção.” A música barulhenta e ruidosa é uma perversão. Ao afetar os sentidos das pessoas acaba sendo uma maldição quando se executada corretamente seria uma bênção. Por isso é melhor ter o culto do Senhor sem música, do que com música desse tipo.
3) – “As forças dos agentes satânicos misturam-se com o alarido e barulho, para ter um carnaval, e isto é chamado de operação do Espírito Santo.” O alarido e o barulho são elementos próprios do reino do mau e quando a música da igreja tem essas características, eles se misturam criando uma situação interpretada por alguns como operação do Espírito Santo. Eis o perigo para o qual Deus nos adverte. As músicas ruidosas, barulhentas, semelhantes às que usavam os seguidores da doutrina da carne santa, criam um reavivamento falsificado entendido por muitos como obra do Espírito Santo. Quem interpretaria algo ruim como obra do Espírito Santo? Haskell declarara que nas reuniões da campal de Indiana, havia um grande poder. As pessoas achavam que era de Deus, mas estavam enganadas. Era obra de Satanás. Tal como lá, igualmente antes do término da graça, as pessoas serão enganadas em sua percepção entendendo que o êxtase gerado pela música seja interpretado como trabalho do Espírito Santo.
Outra declaração pela qual dever-se-ia fugir dessa coisa que se manifestará no fim seria: “Ao findar a reunião campal, o bem que devia haver sido feito e poderia havê-lo sido pela apresentação da verdade sagrada, não se realiza. Os que participam do suposto reavivamento recebem impressões que os levam ao sabor do vento. Não podem dizer o que sabiam anteriormente quanto aos princípios bíblicos.” (p. 37)
Tudo o que se consegue em tal êxtase, se perde rapidamente. As impressões são passageiras. As pessoas não sabem dizer o que conhecem acerca dos princípios da Bíblia. “Nenhuma animação deve ser dada a tal espécie de culto.” (p. 37) Isso é, não devem ser promovidos, incentivados. Logo após a decepção de 22 de outubro de 1844, Ellen White declara que ocorreram as mesmas manifestações. As pessoas excitadas, no entanto, eram trabalhadas por um poder que pensavam ser de Deus. (p. 37) A revelação é clara: Este tipo de música será introduzida entre nós. Em nossas reuniões campais, (p. 37) acompanhando “teorias e métodos errôneos.” (p. 37) Heresias como em Indiana.“Essas coisas que aconteceram no passado hão de ocorrer no futuro. Satanás fará da música um laço pela maneira por que é dirigida.” [satan will make music a snare by the way in which it is conducted]. “Maneira” tem que ver com forma, com estilo, e “por que” com propósito.

Isso pode ser visto nos movimentos carismáticos modernos.
Da igreja católica às igrejas neopentecostais. No Brasil, o movimento católico de renovação carismática conduz mega-missas com música para todos os tipos, gostos e preferências. Ao usar a expressão “por que é dirigida”, estaria Ellen White pensando em interesses comerciais? Em seguidores de Jesus que fazem música para agradar seus consumidores? Ela não usou a expressão “como” mas “por que”.

Assembléia da Associação Geral da IASD de 1901
Na quarta feira, dia 17 de abril de 1901, no final da seção da Associação Geral, Ellen White deu um testemunho aos ministros presentes. A quase totalidade de suas declarações acha-se no livro Mensagens Escolhidas, volume 2 nas páginas 31 a 36. Em suas palavras, deixa clara a falácia da doutrina da carne santa. “O ensino dado com relação ao que é denominado ‘carne santa’ é um erro.” (p. 32) Explica o verdadeiro significado da perfeição cristã por meio de Cristo.
Coloca a Bíblia como única fonte de verdade e então trata do estilo do culto adotado pelo movimento. “Fui instruída pelo Senhor de que esse movimento de Indiana é do mesmo caráter que os movimentos que apareceram nos anos passados. Tem havido em vossas reuniões religiosas exercícios semelhantes aos que testemunhei nos movimentos anteriores.” (pp. 33-34) Ela se referia a situações paralelas vividas após a decepção de 22 de outubro de 1844. “Tinham manifestações semelhantes às que há entre vós, e confundiam a própria mente e a dos outros com suas maravilhosas suposições… Fui a suas reuniões. Havia exaltação, com ruído e confusão. Não se podia distinguir uma coisa da outra. Alguns pareciam estar em visão, e caíam por terra. Outros pulavam, dançavam e gritavam.” (p. 34)“A maneira por que têm sido dirigidas as reuniões em Indiana, com barulho e confusão, não as recomendam a espíritos refletidos e inteligentes. Nada existe nessas demonstrações que convença o mundo de que possuímos a verdade. Mero ruído e gritos não são sinal de santificação, ou da descida do Espírito Santo. Vossas desenfreadas demonstrações só criam desagrado no espírito dos incrédulos. Quanto menos houver de tais demonstrações, tanto melhor para os atores e para o povo em geral.” (p.35)
Nesse depoimento, em nenhum momento fala diretamente da música como o fizera na carta escrita a Haskell. Mas implicitamente ela está lá, quando descreve o tipo de culto e excitação que tinham.
Assembléia da Associação de Indiana
Logo após a Assembléia da Associação Geral, de 3 a 5 de Maio de 1901, realizou-se em Indianápolis, Indiana, a Assembléia da Associação de Indiana com o objetivo de eleger os novos oficiais. Ali estava o foco a heresia da carne santa. Ellen White estava presente e falou aos delegados declarando que nenhum ponto dessa doutrina (carne santa) pode ser chamado de verdade. “Não há uma linha de verdade no tecido inteiro.” [21]

Falso Reavivamento antes do Verdadeiro
Os Adventistas do Sétimo Dia aguardam com ansiedade a capacitação do Espírito Santo ao que chamam de Chuva Serôdia quando então, a igreja será habilitada a concluir a obra de Deus na terra. Ellen White anteviu falsos reavivamentos antes do verdadeiro. “Vi que Deus tem filhos honestos entre os Adventistas nominais e as igrejas caídas, e antes que as pragas sejam derramadas, pastores e povo serão chamados a sair dessas igrejas e alegremente receberão a verdade. Satanás sabe disso, e antes que o alto clamor da terceira mensagem angélica seja ouvido, ele suscitará um despertamento nessas corporações religiosas, a fim de que os que rejeitaram a verdade pensem que Deus está com eles. Ele espera enganar os honestos e levá-los a pensar que Deus ainda está trabalhando pelas igrejas. Mas a luz brilhará, e todos os honestos deixarão as igrejas caídas, e tomarão posição ao lado dos remanescentes.” [22]
Observem que este texto se encaixa na declaração de que antes da terminação da graça, haveria gritos com tambores, música e dança. Isso geraria, pelo efeito da música e o êxtase criado por esse método, um falso reavivamento nas corporações religiosas com a intenção de enganar.

Conclusão
A música cria o clima propício ao emocionalismo, ao falso reavivamento. Ela tem este poder ilusório. A forma como se canta, o uso de instrumentos de percussão com seu efeito hipnótico onde predomina a repetição própria dos cultos espiritualistas do paganismo, as dissonâncias e o excesso de amplificação, têm criado um êxtase e uma falsa segurança que Cristo não prometeu. O mundo religioso atual tem-se envolvido no carismatismo espiritualista, do catolicismo à religiões orientais, cada qual com suas formas e nuances peculiares, tendo no entanto, o mesmo espírito a orientá-los: o espírito do mau, Satanás, o grande enganador.
“Vi a rapidez com que este engano se propagava. Foi-me mostrado um comboio, avançando com a velocidade do relâmpago. O anjo ordenou-me olhar cuidadosamente. Fixei os olhos nesse trem. Parecia que o mundo inteiro ia embarcado nele. Mostrou-me então o chefe do trem, uma pessoa formosa e imponente, para quem todos os passageiros olhavam e a quem reverenciavam. Fiquei perplexa e perguntei a meu anjo assistente quem era. Disse ele: ‘É Satanás. Ele é o chefe na forma de um anjo de luz. Ele leva cativo o mundo. Eles se entregaram à operação do erro a fim de crerem na mentira e serem condenados. O seu mais elevado agente abaixo dele, pela sua categoria, é o maquinista, e outros de seus agentes estão empregados em diferentes cargos conforme deles necessita, e todos vão indo para a perdição, com a velocidade do relâmpago’.” [23]
A música será um elemento unificador de culto à besta e à sua imagem. Todos têm crenças distintas, com duas comuns: o estado do homem na morte e a observância do falso sábado. A união se dá através dos elementos comuns pelos quais, com o mesmo estilo de música, pode-se adorar juntos. A música certamente será um laço. Uma tremenda armadilha. “Deus convida Seu povo, que tem a luz diante de si na Palavra e nos Testemunhos, a ler e considerar, e dar ouvidos. Instruções claras e definidas têm sido dadas a fim de todos entenderem.” (p. 38)
Estas palavras fazem parte exatamente do contexto no qual declara que Satanás fará da música um laço pela maneira como é dirigida. “Por entre as sombras cada vez mais profundas da última e grande crise da Terra, a luz de Deus resplandecerá com maior brilho, e o canto de confiança e esperança ouvir-se-á nos mais claros e sublimes acordes.” (Educação, p. 166)


O Pr. Jorge Mário de Oliveira é Departamental de Escola Sabatina Associação Paulistana


Notas:
1 – Ellen G. White, Mensagens Escolhidas (Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1987), v. 3, p. 335. (voltar)
2 – Ellen G. White, Mensagens Escolhidas (Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1987), v. 2, p. 37.(voltar)
3 – Ver George R. Knight, A Brief History of Seventh-Day Adventists (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1999), 13-27 e do mesmo autor, A Search For Identity The Develoment of Seventh-day Adventist Beliefs (Hagerstown, MD: Review and Herald, 2000), pp. 29-37.(voltar)
4 – Herbert E. Douglass, Mensageira do Senhor (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2001), pp. 194-209.(voltar)
5 – Arthur L. White, Ellen G. White (Washington, DC: Review and Herald, 1981), v. 5, pp. 100-107.(voltar)
6 – Como ASD cremos de que Jesus tinha a natureza física dos homens de seus dias, portanto uma natureza física enfraquecida pelos séculos de degradação pecaminosa, porém, uma natureza moral igual à de Adão antes da queda. O que implica que embora tivesse a natureza humana com todas as suas implicações não tinha propensões tem tendências para o pecado. Ver: Nisto Cremos, 27 Ensinos Bíblicos dos Adventistas do Sétimo Dia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1989), pp. 57-86; Douglass, 199. O que este movimento da doutrina da carne santa dizia era de que através da experiência do Getsêmani, Jesus adquiriu carne santa isto é, uma natureza humana semelhante à de Adão antes da queda.(voltar)
7 – Ver nota dos editores na introdução do capítulo “A Doutrina da Carne Santa”. Ellen G. White, Mensagens Escolhidas (Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1987), v. 2, p. 31.(voltar)
8 – Arthur L. White.(voltar)
9 – Ibid.(voltar)
10 – Como no pentecostalismo de hoje. Os que recebem o que chamam de dons de línguas precisam demonstrar fisicamente que foram batizados pelo espírito santo. Ver Guy P. Duffied e Nathaniel M. Van Cleave, Fundamentos da Teologia Pentecostal (São Paulo, SP: Editora Publicadora Quadrangular “George Russell Faulkner”, 1991), v. 2, pp. 80-85.(voltar)
11 – Arthur L. White.(voltar)
12 – Ibid., p. 101.(voltar)
13 – Ibid., pp. 101-102. Ellen G. White retornava da Austrália depois de haver estado lá por 9 anos de 1891 a 1900. Ver C. Mervyn Maxwell, História do Adventismo (Santo André, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1982), p. 212.(voltar)
14 – Ibid.(voltar)
15 – A que recebera das mãos de seu filho Edson quando desembarcara nos Estados Unidos vindo da Austrália onde permanecera por 9 anos, de 1891-1900.(voltar)
16 – Em português: Ellen G. White, Mensagens Escolhidas (Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1987), v. 2, pp. 36-39.(voltar)
17 – Ibid., p. 36, § 3; p. 37, §§ 3 e 5.(voltar)
18 – Kurt Pahlen, História Universal da Música (São Paulo: Edições Melhoramentos). Citado por Martin Claret, O Poder da Música (São Paulo: Editora Martin Claret), p. 11.(voltar)
19 – Ellen G. White, Evangelismo (Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1997), p. 505.(voltar)
20 – Ibid., p. 508. Neste mesmo livro à página 137 há um princípio para o evangelismo que poderia muito bem ser aplicado ao uso da música na igreja e sobretudo no evangelismo. “Nunca devemos rebaixar o nível da verdade, a fim de obter conversões, mas precisamos procurar elevar o pecador e corrupto à alta norma da lei de Deus.” (voltar)
21 – G.A. Roberts, O Fanatismo da Carne Santa – Documento # 190 do E. G. White Estate (voltar)
22 – Ellen G. White, Primeiros Escritos (Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1991), p. 261.(voltar)
23 – Idem, p. 263.(voltar)

Fonte: http://diariodaprofecia.blogspot.com

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